sexta-feira, 31 de julho de 2009
Ausência
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Para o Meu Coração...
Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.
Pablo Neruda
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Whale Song
"Estou farta da democracia"
Guida Maria é uma montanha russa de emoções: apaixonada, frontal, destemida, viciante. Uma lição de vida, da vida que acaba de contar em livro. Sem pudor. Pisou o palco pela primeira vez aos sete anos. Aos 59, continua a ser das melhores actrizes do país.
Há quantos anos não vê um um político na plateia de teatro? Nos meus espectáculos, com excepção do dr. Amaral Paes, nunca vi nenhum. Eles têm que ir ao futebol, não podem ir a todas, não é?
Num ano particular, com duas eleições, as suas expectativas centram-se nas legislativas ou nas autárquicas? [Risos] Não me faça rir! Expectativas?! Mas os políticos são sempre os mesmos! Só as moscas é que mudam – mas só mudam de uns para os outros!
Não vai votar? Eu?! Nem sei há quantos anos já deixei de votar! Sou uma mulher empreendedora, que se entusiasma com as coisas, mas não é possível entusiasmar-me durante 30 anos seguidos e não ver nada! Não acredito em nenhum político! Já nem os ouço e quando ouço começo a rir. É tudo uma vigarice!
A cultura não dá votos? Não dá é dinheiro! E dá muitas chatices, muita dores de cabeça. E, claro, também não dá votos. Porque não se pode roubar muito na cultura. Roubar o quê?
Atingiu a maioridade em plena ditadura. A democracia com que terá sonhado é aquela que tem hoje? Para ser totalmente honesta, estou farta da democracia! Farta que comandem a minha vida! Pensava que íamos ser todos mais felizes, viver melhor. A verdade é que vivia melhor na altura do outro senhor, esse chamado Salazar. Chamem-me lá o que quiserem, não me importo. Ganhava rios de dinheiro, com 18 anos ganhava 14 contos – em 1968 era uma fortuna.Tinha mais trabalho, os meus filhos levavam açoites quando precisavam e não ficavam traumatizados, fumava em todo o lado...
A liberdade que Portugal ganhou em Abril de 1974 sufoca-a? Mas qual liberdade?! Só sou livre dentro de minha casa, e só se não estiver a incomodar os vizinhos.
Na biografia que lançou recentemente – “Guida Maria: Uma vida” – diz que é do tempo do beija-mão. “Com tanta benção, sempre achei que a minha vida seria um mar de rosas”. O país também mudou por aí? Sim, sim, completamente! Portugal está um país de gente mal educada, sem berço, selvagem. As pessoas hoje não dizem bom dia, quanto mais ir ao beija-mão. Talvez seja isto progresso, não sei.
Nesse livro, fala sem pudor das suas quedas amorosas: “eram casados ou bichas e ou andavam na droga.” Depois da experiência de Maria Filomena Mónica, criticada pelas revelações do foro íntimo, não pensou duas vezes antes de fazer as suas? Então, se comecei a ser criticada aos 15 anos e não me importei, acha que é agora, aos 59, que me vou preocupar? Que falem, é sinal de que estou viva. Só disse o que queria dizer.
Quando descobriu que essa frontalidade lhe dava genuíno prazer? Ah, sempre fui assim. Quando não devemos nada a ninguém nem temos telhados de vidro, somos assim. Estou tesa que nem um barrote, mas sou respeitada. Vou ao banco e tenho crédito, também pessoal. Quem trabalha comigo recebe sempre, nem que tenha que vender o carro. Se eu fosse de outra maneira talvez tivesse mais dinheiro, mas não seria tão feliz.
Termina hoje a temporada de “Monólogos da vagina”. Há nove anos, quando disse o texto pela primeira vez, pareceu-lhe excessivo para Portugal? Nunca achei que estava a dar pérolas a porcos. Diziam-me que era maluca e que acabaria insultada. Não aconteceu nada disso. As pessoas não são todas burras nem todas idiotas. Ganhei essa batalha.
Se amanhã fosse o seu último dia, o que gostava de não deixar por dizer? [Silêncio] Imensas coisas, e outras tantas que gostaria de não ter dito: não resolveram nada e só me cheteei. Mas para dizer era preciso que ouvissem e já ninguém ouve ninguém. As pessoas estão no teatro de telemóvel aberto no colo. Não estão interessadas em ouvir porra nenhuma, nem sequer quando pagam!
Entrevista conduzida por Helena Teixeira da Silva in Jornal de Noticias
terça-feira, 28 de julho de 2009
Quinn Sullivan
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Citações
( Albert Einstein )
"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo."
( Mahatma Gandhi )
Novas Oportunidades - A ignorância certificada
Perante a publicidade aos referidos cursos, aqueles que abandonaram a escola ou, por qualquer razão não concluiram um dos ciclos de escolaridade, esfregaram as mãos de contentes, uma vez que agora se lhes oferece a oportunidade de obterem um certificado de habilitações que lhes poderá vir a ser útil. E como diz o ditado”mais vale tarde do que nunca”, eles lá se inscreveram. Por outro lado, três meses das 7.00 as 10.00 horas, horário pós‐laboral, uma vez por semana, era coisa fácil de realizar. Coitados daqueles que andam 3 nos (7º, 8º e 9º anos) para concluirem o 3º ciclo!!! Isso e que é difícil!
Na rua, no café, nos locais públicos em geral ouve‐se: “Ah! Agora, ando a estudar! Ando a fazer o 9º ou 12º ano! Aquilo é porreiro, pá!”
Entretanto, há pessoas com quem contactamos no dia‐a‐dia, mais próximos de nós, o cabeleireiro, o sapateiro, a empregada doméstica, etc. que também nos confidenciam com ar feliz: “Agora, com esta idade, ando a estudar! Ando a fazer o 9º!” E ns, simpàticamente, sorrimos, abanamos a cabeça e dizemos que fazem bem, sempre é uma mais valia… contudo, numa dessas conversas, tentei descobrir que disciplinas constavam do curso, ficando a saber que eram Português, Matemática, Informática e Cidadania para o 9º ano; e indaguei ainda como eram as aulas e a avaliação final.
E fiquei atónita. Em Português o formando teria que escrever a história da sua vida e a razão por que se inscreveu no curso, sendo o texto corrigido aula a aula pela respectiva formadora; Matemática consistia em efectuar cálculos básicos e apresentar, por exemplo, a receita de um bolo e duplicá‐la; para Informática apercebi‐me que seria a apresentação do trabalho escrito e, posteriormente, quem quisesse apresentá‐lo‐ia em “powerpoint”; em Cidadania, os formandos apresentavam os diferentes resíduos e diziam em que contentor os deveriam colocar. A nível de Português ainda foi pedida a leitura de um livro e seu comentário, sendo a selecção ao critério do formando o que deu origem a autores “light”, nada de autores portugueses de renome; a acrescer a este comentário teríam também de fazer a apresentação crítica a um filme e a uma reportagem. Todos estes elementos seriam entregues num dossier, cuja capa ficaria ao critério de cada formando.
Três meses passaram num abrir e fechar de olhos, por isso um destes dias, enquanto aguardava a minha vez para ser atendida no consultório médico, fui brindada com o dossier do curso da recepcionista e respectivo certificado de 9º ano. Engoli em seco aquelas páginas recheadas de erros ortográficos e de construção frásica, desencadeamento de idéias e falta de coesão, (…), entremeados por bonitas fotografias; na II parte, umas contitas simples e duas tábuas de multiplicação; e em Cidadania, os contentores do lixo coloridos com a indicação dos resíduos que se põem lá dentro.
Em seguida, com um sorriso muito branco (nem o amarelo consegui!) e, como bem educada que sou, felicitei a dona do dossier cuja capa estava realmente bonita, original, revelando bastante criatividade e ouvi‐a alegre dizer: “A formadora disse‐me que tinha hipóteses de fazer o 12º ano. Logo que possa, vou fazer a minha inscrição!”
Fiquei estarrecida, sem palavras para lhe dizer o que quer que fosse. “As Novas Oportunidades” são isto? Esta a gastar‐se tanto dinheiro para passar certificados de ignorância? Será que todos os formadores serão iguais a estes? E o 9º ano é escrever umas tretas e ler um Nicholas Sparks e um artigo da revista “Simplesmente Maria”? E o 12º ano será a mesma coisa (queria dizer chachada) acrescida de uma língua?
Continuando assim o país a tapar o sol com a peneira, teremos em poucos anos a ignorância certificada!
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Românica in Correio da Educação
Agora sim, entendi como se datam diplomas de curso a um domingo e se obtém o de inglês técnico por fax. 'Ou há democracia ou comem todos'. Pobres dos alunos - os de verdade - que têm que estudar 7 anos enquanto os que fingem estudar obtêm as mesmas habilitações ao fim de seis meses...
Cabecinhas pensadoras !!!
domingo, 26 de julho de 2009
Traições
Tempos houve em que os intelectuais eram verdadeiros contra-poderes. Hoje, e depois da ‘traição’ de que falava Julien Benda, os intelectuais servem apenas para enfeitar os poderes. Basta olhar para o caso Miguel Vale de Almeida. Nos últimos anos, Vale de Almeida foi um crítico feroz do PS e da mediocridade dos seus deputados.
Agora, Vale de Almeida é candidato a deputado pelo partido que publicamente execrava. Como explicar a metamorfose? Alguns líricos garantem que o PS é tão pluralista que até convida quem violentamente o critica. Outros, mais cínicos, afirmam que é sempre bom ter um conhecido activista gay para contentar a esquerda e as minorias que tradicionalmente votam Bloco. Pessoalmente, é-me indiferente: na sua edificante amnésia, Vale de Almeida é sobretudo o exemplo do intelectual doméstico que o poder usa e abusa como adorno.
João Pereira Coutinho in Correio da Manhã
Comentários para quê? !!! Era só quem faltava para completar o naipe...
sábado, 25 de julho de 2009
Pablo Neruda - Confesso que vivi
Retrato Ardente
é que a loucura acode
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Lixo inglês importado pelo Brasil
Parlamento Coreano
Pelo menos, estes divertem o pessoal. Certamente estas sessões - ao contrário da nossa AR - não fazem sono aos assistentes, nem aos próprios protagonistas... Há movimento e não deputados a dormir a sesta !!!
Cada ruga é uma Bíblia
Post de Zé Morgado in Blog "Atenta inquietude"
Inês de Medeiros - deputada
Palma Inácio - O democrata
Ladrão e Homicida na Forma Tentada
Faleceu em Lisboa, no passado dia 14 de Julho, Hermínio da Palma Inácio, glorificado pela opinião publicada como um revolucionário artífice da liberdade a quem a democracia portuguesa muito deve. Estamos em democracia e, por isso, toda a gente tem direito à sua opinião, incluindo eu próprio, cidadão anónimo e contribuinte fiscal que nunca roubou o Estado, antes pelo contrário, pelo Estado foi roubado. Só que a minha opinião sobre essa figura sinistra é completamente divergente da publicada.
Antes de prosseguir, quero deixar claro que não conheci Palma Inácio pessoalmente, embora tenha lido, senão tudo, seguramente quase tudo o que sobre a sua personagem foi publicado. Adicionalmente, recolhi de quem o conheceu muito bem, informação insuspeita sobre o seu perfil ético. Essa informação foi-me dada por um General Piloto-Aviador ao tempo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, e a conversa teve lugar no seu gabinete de trabalho, onde eu procurava despacho para assuntos da sua exclusiva competência, sendo que um deles era a nomeação de um militar para um cargo no estrangeiro. Na pré-selecção feita pelos serviços competentes, estavam nomeáveis três militares que eu conhecia muito bem. Pediu o meu parecer pessoal e eu dei-lho, recomendando um deles que tinha uma folha de serviço exemplar, era reconhecidamente muito competente e pautava o seu comportamento por um elevado padrão ético. O Senhor General ouviu atentamente os meus argumentos e, para minha surpresa, ficou em silêncio por um longo momento. De seguida levantou-se da sua secretária e convidou-me a sentar num recanto do gabinete onde estavam dois sofás e uma mesa de apoio. "Senta-te aqui, tu és muito novo e eu quero contar-te uma história de como gente "muito competente" pode, ao mesmo tempo, ser extremamente perigosa". E contou-me ali a seguinte história de Hermínio da Palma Inácio.
Esse Senhor General era ao tempo capitão aviador na Base Aérea de Sintra onde Palma Inácio, com o posto de 1º Cabo, tinha, num passado recente, sido mecânico na "linha da frente", isto é, tinha a responsabilidade da pequena manutenção e reabastecimento dos aviões, portanto da respectiva prontidão imediata para voo, funções que desempenhara de forma comprovadamente muito competente e onde conquistara a estima de todos os pilotos. Depois, saiu da Força Aérea para exercer funções semelhantes no meio civil. Em 1947, já depois da sua saída, aconteceu na Base Aérea o que parecia impensável. Um dos pilotos, ao passar a obrigatória inspecção exterior a um avião no qual iria voar de seguida, notou que os cabos de comando dos lemes do avião (cabos de aço compostos por um enrolamento de fios de aço de menor secção) estavam em mau estado, parecendo meio cortados. Dado o alarme e após pormenorizada análise, confirmou-se terem os ditos cabos sido, não cortados como a imprensa actualmente relatou, mas intencionalmente serrados o suficiente para, com o avião ainda em terra, transmitir movimento aos lemes – e iludir o piloto - mas para inevitavelmente quebrar quando sujeitos à elevada pressão aerodinâmica do voo, deixando o avião no ar sem qualquer possibilidade de controlo, provocando a sua inevitável queda e destruição e a mais que provável morte de pilotos. E constatou-se ainda que tinham sido serrados os cabos de comando de todos os aviões, num acto de sabotagem total da frota, cuja autoria se confirmou ser de Palma Inácio que foi preso pela PIDE. O Senhor General alertava-me desse modo para o facto, aliás bem conhecido, de que uma intenção altamente malévola pode ser – e frequentemente é - convenientemente camuflada com um comportamento profissional irrepreensível.
Certamente a atestar também o seu apreço pelo elevado perfil profissional de Palma Inácio, o então Major Humberto Delgado, aproveitanto um voo de treino chegara mesmo a levá-lo em passeio aéreo, apesar da grande diferença de posições (1).
Ao elevado e generalizado apreço que a Força Aérea Portuguesa lhe demonstrou – depois de lhe ter proporcionado uma formação técnica de grande valia profissional no quadro de um mais que deprimido mercado de trabalho em 1947, Palma Inácio retribuiu com a preparação da destruição material da frota de aviões de treino, essencial ao funcionamento e crescimento da Força Aérea, e com a frieza assassina de quem não hesitou em condenar à morte os seus camaradas pilotos, aqueles mesmos que tanta consideração lhe dispensaram.
À semelhança do que fez a Acção Revolucionária Armada (Partido Comunista Português) em 8 de Março de 1971 na Base Aérea de Tancos onde, durante a noite, destruiu 28 aviões e helicópteros guardados num hangar, evitando deliberadamente atingir pessoas, Palma Inácio podia simplesmente ter cortado os cabos de comando ou podia ter feito explodir os aviões. Mas isso não lhe bastou: quis também assassinar os pilotos!
Foi responsável por algumas imbecilidades como, por exemplo, a tentativa de ocupação da cidade da Covilhã, mas o imaginário nacional relembra-o essencialmente pelo desvio, em 11 de Novembro de 1961, de um avião Super-Constellation da TAP de onde largou sobre Lisboa panfletos contra o regime de Salazar, e também pelo, até recentemente, maior roubo bancário em Portugal quando, em 1967, liderou o assalto à dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, de onde roubou vinte e nove mil contos, uma elevadíssima quantia para a época. Preocupado como dizia estar com a pobreza do País, consequência da "ditadura" do Estado Novo, podia ter copiado do Zé do Telhado o gesto simbólico de uma ostensiva distribuição pelos pobres, o que seguramente teria envergonhado o Regime. Mas não. Palma Inácio não era um altruísta. Levou o dinheiro para Paris, para o banquete da fauna desertora e são conhecidas as desavenças que a farta refeição provocou, porque o objectivo não era envergonhar o Regime, era encher a gamela.
Como terá dito Mário Soares (2), Palma Inácio "Era um homem de grande imaginação revolucionária. Não era propriamente um político…". Tem toda a razão e por isso os seus actos não põem ser considerados "políticos". De facto, durante todo o período da "ditadura" não se lhe conhece filiação partidária. Também se lhe não conhece qualquer projecto alternativo de governação que pudesse legitimar uma oposição ao Regime, como foi o caso do próprio Mário Soares e de Álvaro Cunhal. Foi só depois da Revolução de Abril que, a fazer fé na imprensa da época, Mário Soares o convenceu a filiar-se no Partido Socialista e, de seguida, lhe ofereceu, de mão beijada e a troco sabe-se lá de que, o lugar de Director-Geral do Ministério do Trabalho, função para a qual Palma Inácio não podia ter a menor qualificação. Favores de amigos.
A propósito da morte de Palma Inácio e a fazer também fé na imprensa (3), Almeida Santos, Presidente do Partido Socialista, declarou que Palma Inácio foi "…um exemplar patriota" e terá sido por este mesmo critério que Jorge Sampaio, em Maio de 2000, quando exercia as funções de Presidente da República, o agraciou com o elevado grau da Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Perante tudo isto, ocorre-me perguntar se eu - que não fui, não sou nem nunca serei socialista e que, tal como Palma Inácio não gostava de Salazar, eu não gosto do Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates e do seu governo, como não gosto da ditadura de partidos que ultimamente vem governando Portugal – decidir assaltar uma qualquer dependência do Banco de Portugal e roubar pelo menos uns cinco milhões de euros, o que me dava um jeitão para ajudar a educar bem os netos e deixar-lhe algum conforto material que a minha reforma me não vai permitir; se eu que, tal como Palma Inácio tinha, tenho acesso fácil a qualquer Base Aérea nacional, decidir sabotar e destruir o avião Falcon em que o Governo se passeia por esse mundo à nossa custa e atentar contra a vida de uns pilotos, (prometo que, esse caso, eu que, contrariamente a Palma Inácio, sou um democrata, terei o cuidado de não atentar contra a vida do Senhor Primeiro-Ministro porque ele foi democraticamente eleito, ainda que por um povo meio distraído e imbecilizado pelo futebol e pelas telenovelas), será que o Partido Socialista me confere a distinção de me considerar um "exemplar patriota", me arranja um lugar bem remunerado no conselho de administração de um desses Institutos Públicos para onde é desviado o dinheiro dos contribuintes para aí ser gerido por "exemplares patriotas", como na opinião publicada se pretende fazer crer que Palma Inácio foi, e depois - a cereja no cimo do bolo – me confere aí um grau qualquer da Ordem da Liberdade (não tem que ser a Grã-Cruz)?
A verdade, a minha e a de muitos outros portugueses da minha geração que lhe conhecem o perfil, é que Palma Inácio não prestou qualquer serviço ao País, por muito que isso doa aos desertores que tudo torcem para justificar a sua deserção, a sua traição à Pátria. Posto em termos simples e claros e entre outras coisas:
- Palma Inácio foi um mero ladrão – procurei mas não consegui encontrar outro adjectivo para qualificar uma pessoa que assalta um banco e rouba vinte e nove mil contos - com os quais muitos se devem ter banqueteado e, porventura, se sentem agora na obrigação de o glorificar em termos nacionais.
- Palma Inácio traíu a Força Aérea, tentou o homicídio dos mesmos pilotos com quem lidou diariamente e que lhe dispensaram uma consideração que não merecia, constituindo-se homicida na forma tentada.
- Mais tarde, já no Brasil, aproximou-se do Senhor General Humberto Delgado (o mesmo que lhe dispensou a consideração pessoal de o levar a voar) tornou-se membro do MNI e na hora certa traiu-o também, o que obrigou Humberto Delgado a "…expulsá-lo «por traição…(4)
Ora…façam-me o favor de parar com o sistemático branquear da História. A traição não é, nem nunca será, convertível em virtude. Haja vergonha!
1 - "Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo", pág. 905
2 - "Diário de Notícias", 15 de Julho de 2009, pág. 8
3 - "Diário de Notícias", 15 de Julho de 2009, pág. 8
4 - "Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo", pág. 905
Espanha, 20 de Julho de 2009
Fernando Paula Vicente
Major-General da Força Aérea Portuguesa (Ref.)
Soares (pai e filho), Almeida Santos, Jorge Sampaio e o resto da comandita é tudo farinha do mesmo saco, não percebo a admiração !!!
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Pessoa Errada
Luis Fernando Veríssimo
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Roubo a céu aberto
O Governo do senhor presidente do Conselho ainda tem dois meses de vida, mas já começa a cheirar muito mal. É verdade que as histórias não são de hoje, são de ontem, são destes quatro anos e meio de gestão absoluta e sem controlo da coisa pública. Agora apareceu mais uma história verdadeiramente extraordinária envolvendo, como tem sido hábito, o ministro que queria um aeroporto na Ota, mudou a agulha para Alcochete, jurou que ia pôr o TGV nos carris e acabou por o deixar a repousar num apeadeiro sem nome.
O negócio dos contentores de Alcântara, feito entre o Estado e o grupo Mota-Engil, seria um escândalo de dimensões nacionais em qualquer lugar do planeta com alguma vergonha na cara. Mas aqui, neste sítio pobre, deprimido, manhoso, cheio de larápios e cada vez mais mal frequentado, a coisa passa com umas tantas notícias, umas tantas declarações piedosas e uma idas à praia em tempo de Verão. A verdade é que a história cheirou mal desde o início. E não era só pelo facto de os indígenas ficarem separados do rio Tejo por uma barreira de contentores. Era desde logo pelo facto de um grupo privado ver uma concessão prorrogada por mais 27 anos, sem concurso público, e com cláusulas altamente lesivas para os cofres do Estado.
É evidente também que a coisa da vista serviu para esconder os milhões de estavam em jogo, como o Tribunal de Contas do insuspeito socialista Oliveira Martins fez saber sem margens para dúvidas. O negócio é uma escandaleira imensa e só beneficia o grupo Mota-Engil. É evidente também que a sempre atenta Maria José Morgado fez saber logo que a coisa estava debaixo de olho e que o Ministério Público estava a preparar uma investigação. Outra coisa extraordinária quando um Tribunal de Contas vem dizer que o negócio em causa é, de facto, uma roubalheira dos dinheiros dos contribuintes e dá o nome aos bois.
É claro que no meio desta desbunda socialista ninguém se lembrou de que este escândalo obrigava o ministro Lino a sair do Governo do senhor presidente do Conselho a alta velocidade. Mas não. Neste sítio um ministro pode ir para a rua por um par de cornos infantis ou por uma piada de mau gosto. As roubalheiras, os negócios escuros, os compadrios, a corrupção a céu aberto e o tráfico de influências, não só são tolerados como premiados nas urnas. É por isso que, mais do que nunca, era importante uma palavra de Cavaco Silva. Para avisar a malta de que o rei socialista vai nu e que não é de fiar.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista in Correio da Manhã
É fartar vilanagem que ainda há dois "mesitos" para conseguir mais umas sinecurasitas. Em dois meses muita coisa se pode desviar, depois poderá não haver oportunidade...
domingo, 19 de julho de 2009
O PONTO G
Publicada por João Gonçalves in "Blog Portugal dos Peqeninos"
Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 17 de julho de 2009
A Voz da Razão
Alberto João Jardim quer proibir o comunismo na Constituição. Se esta já exclui o fascismo, por que não o seu irmão historicamente gémeo? A proposta pôs a extrema-esquerda a rabiar e permitiu que sumidades avulsas viessem declamar o seu amor pela ‘democracia’ e pela ‘liberdade’. Eu, modestamente, gostaria de dizer duas coisas.
Primeiro: a Constituição faz muito bem em proibir partidos fascistas. Segundo: a Constituição faria muito bem em proibir partidos comunistas. Precisamente em nome da ‘democracia’ e da ‘liberdade’. Ao contrário do que se pensa, a ‘democracia’ e a ‘liberdade’ só existem quando os actores políticos estão dispostos a respeitar esses valores sem o desejo programático de os liquidar. Aceitar ideologias totalitárias em nome da ‘democracia’ e da ‘liberdade’ é como aceitar a raposa no interior do galinheiro.
João Pereira Coutinho, Colunista in Correio da Manhã
Exactamente o que eu penso e digo desde que esta constituição foi promulgada, mas são as ironias da nossa democracia (?)...
quinta-feira, 16 de julho de 2009
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Quanto mais fala menos diz
1. Explicar que a escolha daquelas duas figuras para eurodeputadas foi «uma afirmação superior» inferioriza certamente muitas outras figuras destacadas do PS. A menos que não as haja.
2. Aceitar que Ana Gomes e Elisa Ferreira são candidatas a duas autarquias com as eleições autárquicas à vista só pode ser «a prioridade política» das duas. Por muita imaginação que houvesse, ninguém descortinaria coisa diferente.
3. Fazer-se esquecido para não dizer se elas ficam como simples vereadoras se não obtiverem maiorias é insistir na visão oblíqua de que somos todos parvos. Começa a ser maçador ter de ouvir permanentemente afirmações enviezadas como se de grandes declarações se tratasse.
Em suma: Sócrates pode continuar a dizer o que muito bem entender; como sempre acontece quando os assuntos são muito incómodos, quanto mais fala, mais se enterra.
João Carvalho in Blog "Delito de Opinião"
O amor é o amor
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..
O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!
Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!
Alexandre O´Neill
Poesias Completas
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Cavalgada
Vou me agarrar aos seus cabelos
Pra não cair do seu galope
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque
Vou me perder de madrugada
Pra te encontrar no meu abraço
Depois de toda a cavalgada
Vou me deitar no seu cansaço
Sem me importar se neste instante
Sou dominado ou se domino
Vou me sentir como um gigante
Ou nada mais do que um menino
Estrelas mudam de lugar
Chegam mais perto só pra ver
E ainda brilham de manhã
Depois do nosso adormecer
E na grandeza deste instante
O amor cavalga sem saber
E na beleza desta hora
O sol espera pra nascer.
Roberto Carlos/ Erasmo Carlos
O preço do "Zé"
António de Almeida in Blog "Direito de Opinião"
Eu sempre esperei "isto" do Zé. Admiro-me é de quem se admira... iria acontecer mais cedo ou mais tarde. É tão bom ter poleiro... e melhor ainda se fôr à conta do zé pagante... ora pois!!!
Digo que Te Amo
domingo, 12 de julho de 2009
Citações
Jonh Lennon
«Não antes pelo caminho traçado, pois ele conduz sòmente até onde os outros já foram»
Graham Bell
sábado, 11 de julho de 2009
A formiga argentina dominou o mundo
Insectos americanos, japoneses ou europeus, todos eles descendem da mesma supercolónia
Uma formiga americana, uma japonesa e uma europeia encontram-se e esfregam as antenas umas nas outras. O encontro não é casual. Um grupo de cientistas japoneses juntou-as na mesma sala para confirmar uma suspeita. Todas descendem da formiga argentina que um dia saiu do seu país e invadiu o mundo. Esse laço mantém-se e, mesmo com origens geográficas tão distintas, quando se encontram reconhecem as colegas graças ao cheiro semelhante que todas elas exalam. Ver artigo completo AQUI.
Alexandre Soares in Jornal i
sexta-feira, 10 de julho de 2009
A voz da razão
José Sócrates não quer ‘candidaturas duplas’. Quem está no Parlamento não está nas câmaras. E vice-versa. Alegre, sempre lírico, foi ainda mais longe: Elisa Ferreira ou Ana Gomes que escolham. Ou Bruxelas, ou Portugal.
Percebe-se: depois das europeias, o PS deseja remover todas as nódoas da sua ‘imagem’. As ‘candidaturas duplas’ são apenas a última moda, depois do TGV, do negócio PT/Prisa e dos corninhos de Pinho. Isto não mostra qualquer respeito pelos ‘princípios’. Mostra apenas uma mistura básica de medo e oportunismo, que horroriza mais do que tranquiliza. Porque a verdade é que as ‘candidaturas duplas’ não floresceram por acaso; elas precisaram de uma cultura cívica de irresponsabilidade, onde é possível estar em todo o lado e em lado nenhum. Dos turbo-professores aos deputados-Batman, Portugal sempre foi um país de super-heróis.
João Pereira Coutinho, Colunista - C. Manhã
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Amor - Pablo Neruda
o leite dos seios como de um manancial,
para olhar-te e sentir-te a meu lado e ter-te
no riso de ouro e na voz de cristal.
Para sentir-te nas veias como Deus num rio
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse
e saísse na estrofe - limpo de todo o mal -.
Como saberia amar-te,mulher, como saberia
amar-te, amar-te como nunca soube ninguém!
Morrer e todavia
amar-te mais.
E todavia
amar-te mais
e mais.
Pablo Neruda
Os dois Ronaldos
Ambas as visões estão erradas.
O Real Madrid apenas quer fazer render o seu investimento. E claro que prefiro que este ribombar mediático seja a propósito de um português – tal como, há anos, fiquei contente com o êxito de Figo, esse sim, um verdadeiro campeão.
No plano pessoal, Ronaldo cada vez mais se assemelha a um fedelho destituído de estofo suficiente para poder ser um exemplo humano razoável.
Futebolisticamente falando, há dois Ronaldos: o que deslumbrou em Manchestere o que sempre desapontou na Selecção. Resta saber qualdeles irá jogar em Madrid.
Carlos Abreu Amorim, Jurista in Correio da Manhã
O que se passou com C. Ronaldo foi o mesmo que se passou com Michael Jackson. Pode até ser o melhor futebolista do mundo (o que parece que já não é...) mas deixem de nos "bombardear" com notícias/ reportagens que não trazem nada de novo ao Mundo e ao País. Preocupem-se com notícias realmente importantes, como a economia e a fome que vai pelo mundo. Deixem de "endeusar" simples mortais - que não passam disso mesmo, só porque dão uns pontapés na bola...
terça-feira, 7 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
A Voz da Razão
Um grupo de matemáticos espanhóis e franceses foi convidado a pronunciar-se sobre os nossos exames nacionais da especialidade. Ficaram aterrados: a coisa, segundo eles, não se destina a seres humanos na posse das suas faculdades; destina-se ao sr. Forrest Gump e respectiva descendência.
Verdade que, na opinião dos sábios, o cenário em Espanha e em França não é muito melhor, prova de que o romantismo educacional não é apenas um produto lusitano. O que talvez só seja um produto lusitano é ouvir os próprios alunos a confessar espanto perante a facilidade dos exercícios. Se a farsa continua, desconfio que ainda veremos as nossas crianças perfeitamente indignadas e até violentas com o nível da exigência praticado. O que se compreende. No fundo, no fundo, quem gosta de ser insultado?
João Pereira Coutinho, in Correio da Manhã
É a realidade a que temos direito. Senão como é que apareciam os números bonitos que são apresentados à OCDE e outros Organismos internacionais. O que é preciso é ficar bem na fotografia, nem que seja à custa do futuro dos nossos jovens. Daqui a uns anos temos as empresas a recusar licenciados neste período, como aconteceu no período pós PREC! Só que estes estão agora no Governo... com os resultados que todos conhecemos!!!
O poder dos cornos.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista in Correio da Manhã
Baleados na cara
E a pergunta é: para quando o endurecimento das penas para estes criminosos? Para quando melhores meios de trabalho para as polícias. Como se viu recentemente, em reportagem televisiva, já nem viaturas em condições têm para fazer os serviços mínimos. Mas... houve verbas para os chefes de bancada na AR terem todos os seus carrinhos novos, e mais dois - um para cada perna - do Sr Jaime Gama. Onde é que nós vamos parar? Ou melhor, será que vamos conseguir parar?
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
Michael Jackson - O último ensaio
Vídeo do último ensaio de Michael Jackson,dois dias antes do seu falecimento, onde interpreta o tema "They don´t care about Us" em preparação para a tournée History.
domingo, 5 de julho de 2009
Machismos
In Blog "Mel com cicuta"
sexta-feira, 3 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
É "isto" um Ministro?
É isto um ministro de Portugal, um país inserido na União Europeia. À primeira vista pareceu mais uma cena de uma qualquer assembléia de condóminos ou no melhor dos casos de um qualquer país de Àfrica ou América latina dos mais retrógrados. Saíu e já foi tarde... muito tarde!!Por aqui se vê a formação civica e moral dos nossos governantes
O país das maravilhas
Ontem, pelo ‘Expresso’, o pormenor que faltava: o governo conhecia o negócio há, pelo menos, seis meses. No momento em que escrevo, não houve ainda desmentido da notícia, o que permite concluir duas coisas. Primeiro, que o primeiro-ministro terá mentido. E, segundo, que a mentira pública de um primeiro-ministro não perturba um único cristão. Portugal não existe. O que existe é um país das maravilhas.
João Pereira Coutinho, Colunista in CM 28/06