quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe suína

Portugal considera prematuro proibir viagens. Ver Artigo completo.
A ministra da Saúde vai defender hoje, perante os seus homólogos da UE, que a actual fase da evolução da gripe suína não justifica a adopção de medidas “mais fortes”, como a proibição de viajar para o México.
Semanário "Sol"

A Frase

"Sócrates e Guterres conduzem da mesma forma: não limpam o vidro da frente, não olham para o retrovisor".
Luís Campos Ferreira in Correio da Manhã

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Gripe Mexicana / Suína

Farmer pigPortugal já está na lista de países com casos suspeitos da doença. Um menino de três anos foi ontem internado no Hospital de São João, no Porto, após um médico do centro de saúde de Chaves ter detectado na criança os sintomas desta estirpe de gripe. A criança viajou com os pais dos Estados Unidos no passado dia 21 de Abril.
Diário de Notícias (Hoje)

A gripe (I)

Provavelmente só porque é fim de semana é que os meus amigos, conhecendo-me como virologista, ainda não me questionaram sobre a gripe "suína". Infelizmente, o termo é errado. No caso da gripe aviária que apareceu há poucos anos, houve infecção de algumas centenas de humanos, mas sem que o vírus pudesse passar desses humanos a outros. Agora é diferente.De suína, esta gripe só tem a origem. De facto, ela é bem humana. Na história da gripe, o aparecimento das grandes epidemias mundiais (pandemias) foi quase sempre por adaptação ao homem de vírus suínos da gripe. Por isto, as expectativas em relação ao vírus aviário H5N1 (sigla que identifica os dois principais antigénios do vírus, e que definem se temos ou não imunidade contra ele) eram a de, com alguma probabilidade, na situação do Extremo Oriente de grande concentração conjunta de aves, porcos e humanos, o vírus aviário H5N1 passar para o porco e deste para o homem, adquirindo capacidade de transmissão homem a homem.Afinal, como tantas vezes acontece na emergência de novos vírus, a situação foi surpreendentemente diferente. O que aparece é um novo vírus humano - insisto, humano, transmissível de homem a homem - com origem no porco mas no outro lado do globo, no México. Também não é um H5N1 e por isto, como eu e muitos escrevemos na altura, era tolice investir em vacinas contra um vírus que ninguém sabia o que viria a ser - mas sim um H1N1, desaparecido da história da virologia há quase um século. Foi o tipo de vírus que causou a terrível pandemia de 1918, a espanhola, que matou mais gente na Europa do que a guerra mundial que tinha terminado pouco antes. É certo que tem havido, nos últimos invernos, algumas infecções com H1N1, mas não é o tipo hoje mais vulgar e nada garante que o novo vírus seja neutralizado por vacinação com os últimos H1N1 circulantes.Hoje, os dados oficiais mexicanos revelam cerca de 1300 infectados com 81 mortes, uma taxa de letalidade já considerável. Também já há casos nos EUA. O que significa isto? Não quero ser alarmista, mas os meus leitores têm o direito ao que de mais objectivo eu, especialista, possa dizer.Considero uma situação muito preocupante, porque estamos perante condições muito diferentes do que eram as tradicionais na emergência de novas pandemias de gripe. A sua origem não é em zonas rurais da Ásia mas sim numa área metropolitana de 20 milhões de pessoas, em estreito contacto favorecedor de transmissão por via respiratória. Em segundo lugar, os vírus hoje viajam de avião. Finalmente, como disse atrás, trata-se de um tipo de vírus contra o qual há dezenas de anos que não há qualquer resistência imune nem há vacinas rapidamente disponíveis.Que fazer, em Portugal? Para já, a nível individual, nada. A nível das autoridades de saúde, vigilância, controlo a nível de medicina das viagens, planeamento desde já de condições de hospitalização e isolamento de milhares de possíveis doentes (atenção, vai ser a esta escala, transformando a FIL em hospital). O que faria agora eu, como indivíduo? Obviamente, cancelar qualquer viagem marcada para o México ou para o sul dos EUA. Informar-me junto do meu médico sobre todos os sinais de alerta, os sintomas da gripe, que muita gente confunde com os de uma vulgar constipação. Se começar a haver casos em Portugal, usar máscara, deixar de frequentar locais com muita gente, isolar em casa, como prisioneiros, os nossos pais septuagenários. E, se a religião ajuda, rezar frequentemente.Mas também ter em conta que o mesmo progresso e actual modo de vida que nos vai trazer o vírus de avião também vai permitir o diagnóstico muito precoce da doença, a produção limitada mas razoável de medicamentos e de vacinas.P. S. - Já imagino o que vai haver por aí de pânico em relação ao consumo de carne de porco! Mesmo que a gripe fosse suína, não era pela carne que se transmitiria. Mas, como chamei a atenção, "suína" é neste caso uma referência enganosa, tem a ver só com a origem. Quem a vai ter são os humanos, não os pobres suínos.P. S. (21:30) - Últimos dados (não confirmados nos "sites" oficiais): cerca de 20 casos nos EUA, detectados já alguns casos no Canadá, no Japão e na Nova Zelândia. Também alguns casos (1 confirmado, 17 suspeitos) já aqui ao lado, na Espanha.
João Vasconcelos Costa - Doutor e agregado em Medicina (Microbiologia)

A gripe (II)

Últimos dados, 27 de Abril, ao fim da noite.
Casos confirmados/suspeitos: Espanha, 1/20; Reino Unido, 2/5; Bélgica, 0/6; Suíça, Suécia e Dinamarca, 0/5; Canadá, 6/12; Brasil, 0/2; Colômbia, 0/9, Coreia do Sul, 1/0. Nos EUA, 40 casos confirmados (ontem 20). No México, 1600 casos, 149 mortes (ontem 1300, 81). Embora com números ainda diminutos, é já mesmo uma pandemia declarada, no sentido do aparecimento de casos em todos os continentes.
A OMS passou a situação de alerta de grau 3 (em 6) para grau 4 e considera que a pandemia está iminente, sendo apenas uma questão de tempo. Considera também que não vai ser viável a contenção da doença (isto é, o o confinamento dos doentes) em situação de pandemia e que a estratégia deve ser a de “mitigação” (tratamento, vacinação se e quando possível).
Entretanto, a Ministra da Saúde vem afirmar que não há razão para alarmes. Porque ainda não há nenhum caso em Portugal. E amanhã, quando aterrar o próximo avião vindo do México? A ministra está mal aconselhada, faz uma declaração ambígua e perigosa, que só se pode fazer quando há a certeza de um controlo da situação. Neste momento já não há e o risco é o de, com declarações destas, quando a situação for catastrófica, e pode bem ser, ninguém acreditar no que então a ministra tiver de dizer. O que devia ela dizer agora?
1. É muito provável que venhamos a sofrer, como todo o mundo, uma pandemia global contra a qual nem o país mais evoluído em saúde pode fazer nada. Vamos é tentar minimizar as consequências.
2. Não vamos dar expectativas irrealistas, como nenhum país pode dar, de que vai haver alguma imunidade, de que é certo que vamos poder vacinar, de que vamos poder tratar a doença. Ninguém sabe, com rigor científico, o que vai ser esta pandemia.
3. Entretanto, enquanto não temos nenhum caso, vamos estar no maior nível de alerta, nos aeroportos, no acompanhamento de viajantes regressados do México, na capacidade de isolamento de doentes, enquanto forem poucos casos.
4. Com a maior honestidade, não vamos transmitir à opinião pública a ideia de que não há razão para preocupação. Não se gerar alarme, sim, porque não adianta nada, mas mostrar que se domina cientificamente e tecnicamente a situação. Começar já a aconselhar os comportamentos de defesa, anunciar medidas gerais a tomar oportunamente (encerramento de estabelecimentos, anulação de concentrações humanas, uso de máscaras, confinamento de idosos, etc.)
Entretanto, a China e a Rússia proibiram a importação de carne suína do México. Estupidez criminosa. Estupidez por si própria, enormidade científica em relação aos pobres animais que apenas se limitaram a passar a gripe aos humanos e só por via respiratória, nada a ver com as febras; criminosa porque desvia as preocupações populares para o que não faz sentido. Será coincidência que isto venha desses lados? Bem gostaria de não misturar ideologia com tudo isto, mas parece-me que aqueles países ainda sofrerão muito para saírem do esquema estalinista.
P. S. - Ouço nas notícias que, amanhã, há cerca de 400 portugueses prontos a partir de avião para passar férias no México. Uma pessoa diz que economizou muito para estas férias e que não se vai aproximar de porcos. Outras, não estes viajantes, dizem que pelo seguro não vão comer carne de porco. Este país está louco?
E ouço Obama, com a vantagem da clareza da língua inglesa: "it's not a case for alarm, but it's a case for concern". Não é o que tentei escrever nesta nota?
P. S. 2 - Era bom que se deixasse cair definitivamente esta designação de gripe suína. Não é uma questão de requinte terminológico, é que tem consequências práticas, incluindo a preocupação de muitas pessoas em relação ao consumo de carne de porco. Todas as grandes pandemias de gripe tiveram origem no porco, como esta (em alguns casos, como agora se esperava, na Ásia, com passagem prévia das aves para o porco): a espanhola, a asiática, a de Hong Kong. Esta, actual, é também uma doença já estabelecidamente humana, que de suína só tem a origem. Sugiro que se passe a falar sempre de GRIPE MEXICANA.
P. S. (28.4.2009, 19:09) - A OMS também sugere que não se use mais a designação de "gripe suína". O que não tinha era de seguir a minha sugestão e propõe "nova gripe", em vez de "gripe mexicana". Não gosto muito, não é a tradição virológica, mas compreendo o cuidado com as susceptibilidades nacionais. Hoje já apanhei muita bordoada de uma leitora mexicana do Público. Portanto, também vou adoptar esta designação, "nova gripe".
João Vasconcelos Costa - Doutor e agregado em Medicina (Microbiologia)

Citação

«Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa»
W Shakespeare

Dia Mundial da Dança



Chamem-me saudosista, cota, vôvô, o que quiserem mas nesta época - infelizmente - já não própriamente, a minha, a música e a dança tinham ritmo e arte. Sabia-se dançar...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Citação

«O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS...'»
MARTIN LUTHER KING

domingo, 26 de abril de 2009

Este Inferno de Amar


Este inferno de amar - como eu amo!
-Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando, ai, quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… - foi um sonho -
Em paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim, despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não o sei;
Mas nessa hora a viver comecei…

sábado, 25 de abril de 2009

Mãe Coragem

«Rui Pedro, que é uma das sete crianças portuguesas desaparecidas nos últimos anos, foi visto pela última vez a 4 de Março de 1998 em Lousada quando tinha onze anos.
A mãe de Rui Pedro mantém a esperança de o encontrar.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

O "HERÓI"

O Público chama-lhe o "herói imperfeito". Um governo de direita recusou-lhe a promoção a coronel que este agora - da esquerda "imperfeita" - lhe quer dar. Parece que ele não aceita a prebenda se não lhe pagarem os "retroactivos" desde não sei quando. Um símbolo, portanto. Otelo foi - é assim que reza a história - indispensável para o sucesso do "25/4". Ainda mal estávamos curados da "outra" revolução - a do PREC, do COPCON e da imensa palhaçada em que o país alegremente mergulhou até "25 de Novembro" - e já Otelo se revelava o herói, desta vez perfeito, de gente hoje insuspeita como o ministro da propaganda Santos Silva e outros que tais. Ficou em segundo lugar nas primeiras presidenciais livres, as de 1976, em que o vencedor de Novembro, Eanes, chegou a Belém. Quando estive no Regimento de Lanceiros - Polícia do Exército entre 86 e 87, a principal ocupação dos esquadrões operacionais era ir recolher o "herói" à prisão militar de Caxias e levá-lo para as intermináveis sessões no Tribunal de Monsanto à conta do processo das "FP-25". O "herói" tinha metido a pata na poça e um famoso caderninho preto com as "operações" do bando não deixou dúvidas a ninguém. Como todos os homens que carregam às costas o peso de uma história para a qual não têm dimensão, Otelo Saraiva de Carvalho foi engolido pelos acontecimentos, felizmente antes de ter tido a oportunidade de se fazer ao famoso cavalo do poder que um dia sonhou apanhar. Não o considero propriamente um "romântico" e, como pessimista empedernido, recuso uma visão romântica da história e, em especial, de Otelo. As FP-25, os negócios com Angola etc., etc. afastam qualquer tipo de "romantismo". Percebo que "camaradas de armas" o tivessem defendido enquanto tal. Isso, porém, não absolve Otelo de nada. Nem como homem, nem como o "herói nacional" que, em boa hora, a história que ele queria montar devolveu à procedência.
Publicada por João Gonçalves in "Portugal dos Pequeninos"

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um pouco de Humor

A TARTARUGA NO POSTE
Enquanto suturava um ferimento na mão de um paciente idoso, o médico estabeleceu conversa com ele sobre o País e, como era inevitável, sobre o Primeiro-Ministro.
A certa altura o paciente disse:
- Bom, o senhor doutor sabe, o primeiro ministro é como uma tartaruga em cima dum poste...
Sem saber o que é que ele queria dizer, o médico perguntou o que queria dizer com isso de uma tartaruga num poste.
E o paciente respondeu:
- É quando o senhor vai por uma estrada, e vê um poste com uma tartaruga tentando equilibrar-se no cimo dele. Isso é que é uma tartaruga num poste...
Perante a cara de interrogação do médico, o paciente acrescentou:
Então é assim: "O senhor doutor
- não entende como ela chegou lá;
- não acredita que ela esteja lá;
- sabe que ela não subiu lá sozinha;
- sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
- sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- e não entende por que a colocaram lá!!!
Perante isto tudo o que temos que fazer é ajudá-la a descer e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima, definitivamente, não é o seu lugar!"

Autor desconhecido

Samora Machel portou-se como Estaline

RELATIVAMENTE À POPULAÇÃO BRANCA PORTUGUESA
Diplomatas soviéticos que deram início às relações diplomáticas entre URSS e Moçambique criticam a política de Samora Machel face à população portuguesa branca, sublinhando que, nesta área, o Presidente moçambicano se comportou de forma semelhante ao ditador soviético, José Estaline. “De forma dura, como Estaline, Samora Machel tratou os portugueses que viviam em Moçambique.Muitos deles receberam com entusiasmo os combatentes pela independência quando entraram em Lourenço Marques e estavam prontos a cooperar de todas as formas com a FRELIMO”, escreve Piotr Evsiukov, primeiro embaixador soviético em Moçambique, em “Memórias sobre o trabalho em Moçambique”, a que a LUSA teve acesso.“Não obstante, também aqui se revelou o extremismo de Samora Machel. Ele apresentou condições tais de cidadania e residência aos portugueses em Moçambique que eles foram obrigados, na sua esmagadora maioria, a abandonar o país... Com a fuga dos portugueses, a economia de Moçambique entrou em declínio”. Piotr Evsiukov recorda que Machel era um convicto admirador de José Estaline.“Samora Machel falou- me várias vezes do seu apego e respeito por José Estaline. Durante a visita oficial de uma delegação de Moçambique à URSS, Samora Machel terminou a viagem na Geórgia.Depois das conversações com Eduard Chevarnadzé, Sérgio Vieira, membro da direcção da FRELIMO, veio ter comigo e pediu-me, em nome do Presidente, para arranjar um retrato de Estaline.Claro que os camaradas georgianos satisfizeram o pedido com agrado”, escreve Evsiukov.Arkadi Glukhov, diplomata soviético que chegou antes de Evsiukov para abrir a embaixada da URSS em Lourenço Marques, escreve:“Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Lisboa, tendo perante si os exemplos da queda dos impérios coloniais da Inglaterra e França, enveredou pela via da reforma intensa do seu sistema colonial, nomeadamente no campo das relações entre raças, da política social e cultural. Tudo isso foi levado à de ‘assimilação’, cujos rastos sentimos com evidência quando chegámos a Moçambique”.“Porém”, continua o diplomata soviético, “esses rastos começaram a desaparecer rapidamente, principalmente depois da entrada na cidade (Lourenço Marques) das unidades militares de medidas e de todo o tipo de limitações (frequentemente inventadas) contra a população portuguesa, não obstante, em geral, ela ser leal e estar pronta a cooperar com os novos poderes”.Segundo Glukhov, “no fim de contas, isso levou à partida em massa dos portugueses do país, o que se reflectiu de forma grave na sua vida económica e aumentou a tensão nas relações entre raças”.Segundo os diplomatas soviéticos, a política de Samora Machel provocou atritos com Joaquim Chissano, primeiro-ministro moçambicano, que defendia o diálogo com a população branca.Evsiukov escreve que Machel reconheceu o seu erro e, “ao aconselhar Robert Mugabe, seu amigo e pretendente ao cargo de Presidente do Zimbabué, disse-lhe para não expulsar os rodesianos brancos da antiga Rodésia do Sul”.
JOSÉ MILHAZES da Agência LUSA In “Correio da Manhã, de Maputo 23 de Abril de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Frase da semana

Escrito em 1886, mas ainda actual
" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."
Guerra Junqueiro

O turista

Gostei de ver um senhor de cabelo curto em entrevista à RTP. Dizem que é primeiro-ministro. Duvido. Tenho a certeza que é um turista que apareceu por cá.
Para começar, os jornalistas de serviço fizeram perguntas muito sérias sobre as relações entre o Governo e a Presidência da República. O País inteiro diz que existe azedume entre ambos, com Cavaco a enviar ‘recados’ a Sócrates e Sócrates a recusá--los. Pura invenção nossa. Para começar, o turista explicou que as palavras do Presidente Cavaco não são para o primeiro-ministro Sócrates. E, para acabar, as palavras do primeiro-ministro Sócrates não são para o Presidente Cavaco. Acreditem se quiserem, mas Belém e S. Bento andam animadamente a falar para o boneco.
E Portugal? Portugal estava óptimo, apesar de o Banco de Portugal ter dito o contrário. Mas veio a crise e lá se foi a pintura. Agora, a solução não está em suspender ou adiar os grandes projectos que não garantem benefícios num prazo razoável; mas em avançar com eles, apesar da dívida pública explosiva, tudo em nome de um futuro moderno, radioso e, pormenor irrelevante, brutalmente penhorado.
Resta o Freeport? Não, não resta. Verdade que o Ministério Público, sem falar dos ‘hooligans’ ingleses, continua a investigar suspeitas de corrupção baseadas num vídeo dos estúdios Disney. Mas o turista está apenas preocupado com os difamadores que escrevem sobre o assunto. Jornalistas? Não. Difamadores. O facto de serem jornalistas a opinar não passa de um pormenor.
No final, o turista sorriu e foi-se embora. Onde será o país dele?
João Pereira Coutinho, colunista in C Manhã

A certidão de óbito

O discurso do prof. Cavaco Silva, na abertura do 4º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores não é apenas a certidão de óbito de uma já falecida "cooperação estratégica" entre o Governo e o Presidente da República. Longe de ser uma resposta aos vários ataques de que tem sido alvo por parte da maioria socialista (nomeadamente na questão do Estatuto Autonómico dos Açores), a intervenção do Chefe de Estado é um manifesto contra a situação económica do País e surge no seguimento dos sucessivos alertas que o Presidente tem lançado sobre esta matéria. Há muito que o prof. Cavaco Silva tem defendido, em vão, uma "política de verdade", insistindo, entre outras coisas, no crescimento "explosivo" do endividamento externo, no risco dos grandes investimentos públicos, nos factores internos que acentuam a crise internacional e na defesa de políticas sociais que protejam os mais desfavorecidos. Ignorado pelo Governo, que nunca se dignou a levar em linha de conta nenhuma das suas advertências, o Presidente, no seu discurso de sexta-feira passada, não se limitou a coleccionar mais uma série de avisos à navegação socialista: indo bastante mais longe, o que o prof. Cavaco Silva mostrou foi que não estava disposto a continuar a assistir, em silêncio, à crescente degradação da situação económica nacional. A partir de agora, e esgotadas as conversas informais com o primeiro-ministro (em que assentava a "magistratura da palavra"), o Governo deixou de contar, não tanto com a solidariedade do Presidente da República, mas com a sua conivência em matérias fundamentais que afectam o futuro do País e põem em causa a sua viabilidade económica. Ao referir a promiscuidade entre o poder político e os interesses económicos, o "risco efectivo" de se governar para as estatísticas, a falta de "ponderação" de algumas medidas tomadas para combater a crise, a dependência dos empresários face ao Estado, a falta de vontade "política e económica" para "questionar o caminho que estava a ser seguido", a ausência de "coesão social", o prof. Cavaco Silva não se limitou a traçar um quadro deprimente da realidade portuguesa: abriu caminho a um novo papel do Presidente da República que, como ele próprio já tinha referido, não pode limitar-se a "fazer diagnósticos". Ver nisto, como viu o engº Sócrates, uma "política do recado, do pessimismo, do bota-abaixo ou da crítica fácil" confirma, apenas, a pertinência do discurso do Presidente e a validade dos seus argumentos. Não perceber isto é não perceber o essencial.
Constança Cunha e Sá In CManhã

terça-feira, 21 de abril de 2009

Não te quero senão porque te quero

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Talvez consuma a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.
Pablo Neruda

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Mais informação menos TGV

Segue-se um artigo já publicado no "Sol" da autoria de Jack Soifer (quem é?), sobre a escolha do TGV.
A TECNOLOGIA do TGV tem 150 anos, não inova em nada, é só força bruta. Ao contrário do Alfa, que usa a ciência e é pendular, no TGV o buggy, o chassis e os carris são tradicionais, mas maiores; só o motor eléctrico substituiu a locomotiva a vapor. O LightAlfa usa compósito, ligas de alumínio e carbono, e HDPVC na carruagem e chapa de aço reforça­do, em vez de ferro fundido no buggy. O fio dos motores é de liga de alumínio em vez de cobre. Tudo o torna mais leve, flexível nas curvas e exige muito menos betão nas pon­tes e retirada de terras nas serras. O LightAlfa é tecnologia de ponta, faz 240km/h de média, quase igual ao TGV e, ao invés deste, não está nas mãos de só nove empresas de quatro países. Ao ligar Faro a Braga pelo interior, o Train de Grand Developpement (TGD) com ramais para Badajoz e Vigo e gastando 1,5 mil milhões de euros, traria emprego a 78 firmas e 18 mil cidadãos portugueses. Só seis empresas de França, Reino Unido e Alemanha estão certificadas para vender carris, material eléctrico e electrónico, carruagens, etc. para o TGV. A Espanha tem três empresas certificadas para as pontes e a infra-estrutura. Exige-se quatro anos e milhões para certificar. Não estarão num cartel? Estimativas de países que pensaram investir ou já fizeram TGV mostram brutais derrapagens. Os três grandes da UE exportariam para Portugal 65 a 74% dos 5 mil milhões, a Espanha uns 20% e as nossas três megas empresas 8 a 9%. Mas três gerações teriam que pagar mais 4 mil milhões em juros e sobre lucros ao cartel e cada um dos nossos 5 milhões de empregados mais 500€/ano de impostos em subsídios do Governo ao consórcio do TGV. Se o racional e inovador é o LightAlfa, que lobby de Bruxelas está a forçar um ministro a nos meter goela abaixo uma dívida irracional e uma velha tecnologia? Por que estes dados não chegam a José Sócrates?mailto:Sócrates?jackfer@sapo.pt
in Blog "Galo Verde"

A POUCOS DIAS DO 25 DE ABRIL!

Não é verdade que Portugal vive a pior recessão desde 1975. Infelizmente, vive a pior recessão desde pelo menos 1925 — o que faz diferença. Cinquenta anos de diferença.
in Blog "Nova Frente"

Não sei o quê desgosta


Não sei o quê desgosta
A minha alma doente.
Uma dor suposta
Dói-me realmente.

Como um barco absorto
Em se naufragar
À vista do porto
E num calmo mar,

Por meu ser me afundo,
Pra longe da vista
Durmo o incerto mundo.

Fernando Pessoa

domingo, 19 de abril de 2009

A Frase

“Cavaco enviou um aviso muito directo ao Governo: em tempo de crise económica e social, o chefe de Estado quer mais contenção na propaganda e mais trabalho, menos espectáculo e mais resultados”.
Editorial, “Diário de Notícias”, 19-04-2009

Combater a corrupção?

Governo aprova levantamento do sigilo bancário
A partir de hoje, já sabem, se receberam dinheiro por fora ou da corrupção façam vários depósitos de 99.999 euros, senão pagam imposto.
Nuno Nogueira Santos in Blog "A outra varinha mágica"

Estranha associação PS-BE


Vamos combater a corrupção? Óptimo. Parece-me muito bem. Agora, meus senhores, não chamem ao projecto aprovado na quinta-feira combate à corrupção. A coisa tem uma leitura bastante mais simples: é, pura e simplesmente, enriquecimento (ilícito) do estado à custa do eventual (ilícito) enriquecimento de cidadãos. Mais nada. É um estado que até acha bem que apareçam mais de cem mil euros numa conta, desde que possa ficar com 60%. Não tem nada a ver com corrupção. Quanto muito, é como que um imposto sobre a eventual corrupção.
Ana Margarida Craveiro in Blog "31 da Armada"

sábado, 18 de abril de 2009

Se eu fosse 1º Ministro...

Se eu fosse Primeiro Ministro... Entregava a Companhia das Lezirias a 25.200 famílias - uma utopia realizável.
Do Blog de José Maria Martins

E não parece ser tão utópico com tanto desemprego e com gente que gosta e quer trabalhar, poderia ser uma solução. Ver AQUI

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Lisboa vista do Rio II







Crise?

Crise?? Qual crise? Ver AQUI.

Vital, o "amordaçado"

Aproveitando sofregamente a circunstância de Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD às europeias, ter usado a palavra "mordaça" para dizer que não se calaria, durante a campanha, sobre questões nacionais, Vital Moreira, o tal candidato "independente" do PS - crendo, como na fábula, que era algum bago -, veio auto-medalhar-se com o facto de que ele é que sabe "o que é suportar mordaça" pois terá "suportado mordaça" durante o Estado Novo, coisa de que o juvenil Rangel, na altura recém-nascido, não pode gabar-se.
Conta-se que uns irlandeses terão procurado um dia George Bernard Shaw ostentando as chagas da repressão inglesa e pedindo o seu apoio à causa republicana, e que Shaw julgou perceber em tal ostentação algum orgulho, comentando: "Não vejo que ter sido maltratado possa ser motivo de orgulho…". O "professor de Coimbra, meu Deus!" e arrependido do PCP orgulha-se do seu passado de "amordaçado" e tenta pô-lo a render (é, pensará, um capital de credibilidade) na bolsa eleitoral. O que sempre me pergunto, em casos como o de Vital Moreira, é o que, se falasse, o seu passado diria do seu presente.
Manuel António Pina in JN

Justiça não pune mais poderosos e influentes

Líder sindical dos magistrados do MP toma posse com discurso polémico
Na tomada de posse, João Palma condenou a desprotecção das vítimas face aos direitos dos arguidos e criticou quem quer tornar o Ministério Público "num corpo amorfo de funcionários ou comissários políticos obedientes".
O actual Código de Processo Penal "embaraça o objectivo da descoberta da verdade material, essencial à indispensável punição, em favor de uma teia de formalismos, escapatórias e incongruências" que torna a Justiça lenta e desigual porque persegue os menos ricos e socialmente considerados, favorecendo os que têm mais Poder, afirmou ontem o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP).
"Temos um MP e órgãos de polícia criminal cuja acção se dirige para a investigação da grande massa de desprotegidos e menos afortunados, excluindo-se dela os mais poderosos e influentes".
As palavras são de João Palma - que há um mês denunciou as pressões (sob investigação) sobre os investigadores do caso Freeport.
"O princípio constitucional da igualdade dos cidadãos perante a lei apresenta-se como uma miragem" e por isso está cada vez mais enraízada a sensação de que há "margens de impunidade na sociedade portuguesa", afirmou.
Num discurso de 13 páginas, - lido no Centro de Estudos Judiciários - Palma disse não ser natural "a desacreditada imagem dos tribunais e dos magistrados", não por culpa destes, mas devido a "políticas de justiça erráticas com objectivos imperceptíveis".
Condenou também o actual processo penal "caracterizado pela falta de capacidade de resposta ao aumento da criminalidade e à sofisticação do crime".
"Face a um crime organizado, estruturado, globalizado, profissionalizado e institucionalizado, as alterações ao Código Penal e de Processo Penal", entre outras leis, "limitam e condicionam a investigação e acção do MP", referiu.
Os interesses da comunidade também não são garantidos e é evidente o "desequílibrio entre as garantias de defesa do arguido e a desprotecção da vítima".
O magistrato retratou ainda um MP "acantonado, limitado nas suas capacidades de investigação, sem capacidade, motivação e meios" que controla a investigação, mas cujos órgãos de polícia criminal - a Polícia Judiciária - dependem do poder político.
O presidente do SMMP propõe que "as lideranças do MP sejam questionadas e os resultados do trabalho de gestão e coordenação seriamente avaliados".
Sem aludir ao caso Freeport (ver caixa em baixo), Palma não deixou, no início da alocução, de falar sobre os que alegadamente pressionam os procuradores.
As críticas à Procuradoria Geral da República (PGR) estão implíctas: o MP corre o risco de se funcionalizar "porventura em troca de compensações materiais", "ficando enredados em cumplicidades várias, incapazes de nos livrarmos de amarras e limitações".
Esta via é "mais propícia ao carreirismo, ao amiguismo, ao clientelismo, ao clubismo, a cumplicidades de toda a ordem", refere, "e potenciará a ascensão meteórica dos que não ousem contrariar vontades declaradas ou supostas, dos que privilegiam os seus poderes pessais à custa e em detrimento dos interesses do MP".
Concluindo: " Dos que aceitam perder o estatuto de magistrados pelo de funcionários e comissários, desde que compensados com lugares de destaque da hierarquia administrativa e musculada em que pretendem transformar o MP".
Alexandra Marques in "JN"

Portugal tem 2 milhões de pobres

Portugal tem dois milhões de pobres, diz um estudo feito por Nuno Alves, do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, dos quais 300 mil são crianças.
A conclusão faz parte de um artigo publicado no boletim económico de Primavera do Banco de Portugal que mostra que 56% desses pobres tem entre os 15 e os 64 anos, diz a Lusa.
30 mil desempregados em risco de pobreza
Esta análise considera um indivíduo pobre se, num determinado período, o seu nível de rendimento (despesa) for inferior a 60% do rendimento (despesa) mediano em Portugal.
Em valores, isto corresponde a dizer que a linha de pobreza calculada com base no rendimento ascendia a 382 euros mensais em 2005, a preços desse ano.
Cada vez mais famílias com a corda na garganta
O mesmo estudo conclui que as classes particularmente vulneráveis à situação de pobreza são as famílias em que pelo menos um adulto está desempregado, idosos com baixos níveis de educação, famílias compostas só com um adulto solteiro que não trabalha e que tem filhos e famílias numerosas em que pelo menos um adulto não trabalha.
Os dados revelam que 25 a 30% da população pobre em 2005/2006 exercia regularmente uma profissão e que 40% dos indivíduos com mais de 14 anos sem percurso escolar era pobre.
Por isso, conclui Nuno Alves, os dados provam que «existem elevados níveis de retorno da educação na mercado de trabalho em Portugal», sobretudo nas pessoas tiverem uma educação universitária.
Para o futuro, o especialista prevê que o aumento da taxa de desemprego seja o principal factor a pesar no aumento da pobreza em Portugal.
In "Portugal Diário"

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Os piratas da Somália

No ano de 2009, falar de piratas parece um anacronismo disparatado. Bandeiras negras com caveiras, palas num dos olhos e barcos que se lançam à abordagem parecem saídos de filmes de Hollywood. No entanto, eles existem.
Nas costas da Somália, há grupos de piratas que lançam o temor. E, claro, como sempre os Ocidentais fizeram, há que lançar uma ‘caça aos piratas’, igual a muitas outras feitas ao longo da História por espanhóis, ingleses, franceses, holandeses e até portugueses. Agora, na luta contra os piratas, há também os inevitáveis americanos, russos e chineses. É a ONU inteira contra um bando de maltrapilhos.
Eu gosto de piratas. Dos antigos, como o Barbarussa, dos imaginários, como o Erol Flynn ou o Jack Sparrow, ou dos actuais, os somalis. Há neles um lado aventureiro, contra o sistema, com que simpatizo. Além disso, os piratas têm códigos de honra próprios, e certas regras de cavalheirismo. Sim, é verdade que são doidos por dinheiro, mas quem estiver livre desse pecado que atire a primeira pedra. Contudo, não são bárbaros nem assassinos sem escrúpulos. Num mundo habituado a terroristas ‘kamikaze’ que atiram aviões contra prédios; ou a bombistas que se fazem explodir em autocarros, é difícil considerar os piratas da Somália como bárbaros. Até agora, não mataram ninguém e limitam-se a tomar de assaltos barcos e a pedir resgates. Pago o dinheiro, devolvem os barquitos e as pessoas, como cavalheiros simpáticos que são.
Fiquei por isso espantado quando me dei conta do processo de diabolização dos piratas em curso. O mundo Ocidental já os elegeu como o próximo alvo. O capitão América, Barack Obama, disse que é preciso "lutar contra eles". Ao mesmo tempo que lançava a sua nova política externa, toda ela cheia de "compreensão pelos outros" e de salamaleques aos iranianos, aos russos, ao Hamas e aos israelitas, precisava de encontrar um novo inimigo, e os piratas vieram mesmo a calhar. Em vez de castigar piratas bem mais nocivos ao mundo, como banqueiros irresponsáveis ou políticos facínoras, a América e o Mundo preparam-se para arrasar com os bandos anárquicos da Somália. Obviamente era preciso alguém que pagasse as favas da crise económica mundial, e que, agora que já acabou o Eixo do Mal, fosse eleito como as novas Forças do Mal. Enquanto os verdadeiros piratas do mundo se vão escapar sem punição, os pobres piratas da Somália vão levar nas ventas.
Domingos Amaral - "Correio da Manhã"

Quatro frases

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
(Fernando Pessoa)


“Você sabe o que é o encanto? É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada.”
(Albert Camus)


A suprema felicidade da vida, é a convicção de ser amado por aquilo que você é... ou melhor, apesar daquilo que você é...“
(Autor Desconhecido)


“Grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, e não apenas em desfrutar das semelhanças.”
(James Fredericks)

Bryan Adams


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sexta-feira, 10 de abril de 2009

Símbolos da Páscoa

Origem dos símbolos

Coelho, um dos símbolos da Páscoa.
É sugerido por alguns historiadores que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, depois, foram assimilados às celebrações cristãs do Pessach, depois da cristianização dos pagãos germânicos. Contudo, já os persas, romanos, judeus e armênios tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época.
Ishtar tinha alguns rituais de caráter sexual, uma vez que era a deusa da fertilidade, outros rituais tinham a ver com libações e outras ofertas corporais.
Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela Igreja Católica no principio do 1º milênio depois de Cristo, fundindo-a com outra festa popular da altura chamada de Páscoa. Mesmo assim, o ritual da decoração dos ovos de Páscoa mantém-se um pouco por todo o mundo nesta festa, quando ocorre o equinócio da primavera.

Ovo de Páscoa
O hábito de dar ovos de verdade vem da tradição pagã. O hábito de trocar ovos de chocolate surgiu na França. Antes disso, eram usados ovos de galinha para celebrar a data.
A tradição de presentear com ovos - de verdade mesmo - é muito, muito antiga. Na Ucrânia, por exemplo, centenas de anos antes da era cristã já se trocavam ovos pintados com motivos de natureza - lá eles têm até nome, pêssanka - em celebração à chegada da primavera.
Os chineses e os povos do Mediterrâneo também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a estação do ano. Para deixá-los coloridos, cozinhavam-os com beterrabas.
Mas os ovos não eram para ser comidos. Eram apenas um presente que simbolizava o início da vida. A tradição de homenagear essa estação do ano continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa.
Eles celebravam Ostera, a deusa da primavera, simbolizada por uma mulher que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, representante da fertilidade, pulando alegremente ao redor de seus pés.

Ovos de chocolate
Os cristãos se apropriaram da imagem do ovo para festejar a Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus - o Concílio de Nicéia, realizado em 325, estabeleceu o culto à data. Na época, pintavam os ovos (geralmente de galinha, gansa ou codorna) com imagens de figuras religiosas, como o próprio Jesus e sua mãe, Maria.
Na Inglaterra do século X, os ovos ficaram ainda mais sofisticados. O rei Eduardo I (900-924) costumava presentear a realeza e seus súditos com ovos banhados em ouro ou decorados com pedras preciosas na Páscoa. Não é difícil imaginar por que esse hábito não teve muito futuro.
Foram necessários mais 800 anos para que, no século XVIII, confeiteiros franceses tivessem a idéia de fazer os ovos com chocolate - iguaria que aparecera apenas dois séculos antes na Europa, vinda da então recém-descoberta América. Surgido por volta de 1500 a.C., na região do golfo do México, o chocolate era considerado sagrado pelas civilizações Maia e Asteca. A imagem do coelho apareceu na mesma época, associada à criação por causa de sua grande prole.
Wikipedia

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pablo Neruda

"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou....

Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus".

terça-feira, 7 de abril de 2009

Demasiado estúpido

Perante isto, o dr. Lopes da Mota não precisa de desmentir nada: tudo o que ele confirma é mais do que suficiente. Se o presidente do Eurojust, o homem que assegura a ligação entre a investigação portuguesa e a investigação inglesa, no caso Freeport, andou por aí, em conversinhas dúbias, saltitando alegremente do gabinete do dr. Alberto Costa para a mesa dos magistrados responsáveis pelo processo, então, das duas uma: ou o dr. Lopes da Mota se demite; ou o dr. Lopes da Mota é demitido. Independentemente de se saber se foi mandatado para o efeito ou se, como diz o procurador--geral da República, gosta apenas de "brincadeiras estúpidas" – o que, diga-se de passagem, parece demasiado estúpido.
Constança Cunha e Sá, Jornalista in "Correio da Manhã"

Estoril - motonáutica

segunda-feira, 6 de abril de 2009

É grave que se saiba

Hoje ouvi Mário Soares falar do caso Freeport. Soares pareceu muito preocupado com as fugas de informação. É de facto grave que determinadas coisas se saibam. Por exemplo, que se saiba que o caso esteve parado 4 anos. Ou que se saiba que o ministério dirigido pelo actural Primeiro-Ministro aprovou o Freeport nos últimos dias de um governo de gestão. Ou que se saiba que existem indícios de que houve corrupção na aprovação do Freeport. Ou que se saiba que o representante de português no Eurojust é suspeito de pressionar os responsáveis pela investigação. É muito desagradável que tudo isto se saiba. Em suma: grave não é a corrupção. Grave é que os indícios de que ela existe sejam divulgados.
João Miranda in Revista Sábado

A Carta

Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém

Tanto tempo faz,que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressãode que já vi passar
Um ano sem te ver,um ano sem te amar
Ao me apaixonar,por ti não reparei
Que tu tivestes só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu...
Renato Russo

Rosto do passado

UE:Mário Soares diz que Durão Barroso "é um homem inteligente, mas é um rosto do passado"
In Lusa

Duzentos capitães

Duzentos capitães!
Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!

Duzentos capitães!
Não os de outrora...
Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é o dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d'apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d'ignomínia...
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão Espanhóis!
Joaquim Paço d´Arcos.

Outro modo de ver as pontes

Ponte Vasco da Gama
A outra Ponte

sábado, 4 de abril de 2009

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda

Frase do dia

"Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina".
João Miguel Tavares - DN

Lisboa vista do Rio









Nunca se deve dar poder a um tipo porreiro

O porreirismo de Sócrates, pela natureza do cargo que ocupa, criou um problema moral ao país .
No início, ninguém dá nada por eles. Mas, pouco a pouco, vão conseguindo afirmar o seu espaço.
Não se lhes conhece nada de significativo, mas começa a dizer-se deles que são porreiros.
Geralmente estes tipos porreiros interessam-se por assuntos também eles porreiros e que dão notícias porreiras. Note-se que, na política, os tipos porreiros muito frequentemente não têm
qualquer opinião sobre as matérias em causa mas porreiramente percebem o que está a dar e por aí vão com vista à consolidação da sua imagem como os mais porreiros entre os porreiros. Ser considerado porreiro é uma espécie de plebiscito de popularidade. Por isso não há coisa mais perigosa que um tipo porreiro com poder. E Portugal tem o azar de ter neste momento como primeiro-ministro um tipo porreiro. Ou seja, alguém que não vê diferença institucional entre si mesmo e o cargo que ocupa. Alguém que não percebe que a defesa da sua honra não pode ser feita à custa do desprestígio das instituições do Estado e do próprio partido que lidera. O PS é neste momento um partido cujas melhores cabeças tentam explicar ao povo português por palavras politicamente correctas e polidas o que Avelino Ferreira Torres assume com boçalidade: quem não é condenado está inocente e quem acusa conspira. Nesta forma de estar não há diferença entre responsabilidade política e responsabilidade criminal. Logo, se os processos forem arquivados, o assunto é dado por encerrado. Isto é o porreirismo em todo o seu esplendor.
Acontece, porém, que o porreirismo de Sócrates, pela natureza do cargo que ocupa, criou um problema moral ao país. Fomos porreiros e fizemos de conta que a sua licenciatura era tipo
porreira, exames por fax, notas ao domingo. Enfim tudo "profes" porreiros. A seguir, fomos ainda mais porreiros e rimos por existir gente com tão mau gosto para querer umas casas daquelas como se o que estivesse em causa fosse o padrão dos azulejos e não o funcionamento daquele esquema de licenciamento. E depois fomos porreiríssimos quando pensámos que só um gajo nada porreiro é que estranha as movimentações profissionais de todos aqueles gajos porreiros que trataram do licenciamento do aterro sanitário da Cova da Beira e do Freeport. E como ficámos com cara de genuínos porreiros quando percebemos que o procurador Lopes da Mota representava Portugal no Eurojust, uma agência europeia de cooperação judicial? É preciso um procurador ter uma sorte porreira para acabar em tal instância após ter sido investigado pela PGR por ter fornecido informações a Fátima Felgueiras.
Pouco a pouco, o porreirismo tornou-se a nossa ideologia. Só quem não é porreiro é que não vê que os tempos agora são assim: o primeiro-ministro faz pantomina a vender computadores numa cimeira ibero-americana? Porreiro. Teve graça não teve? Vendeu ou não vendeu? Mais graça do que isso e mais porreiro ainda foi o processo de escolha da empresa que faz o computador Magalhães. É tão porreiro que ninguém o percebeu mas a vantagem do porreirismo é que é um estado de espírito: és cá dos nossos, logo, és porreiro.
E foi assim que, de porreirismo em porreirismo, caímos neste atoleiro cheio de gajos porreiros. O primeiro-ministro faz comunicações ao país para dizer que é vítima de uma campanha negra não se percebe se organizada pelo ministério público, pela polícia inglesa e pela comunicação social cujos directores e patrões não são porreiros. Os investigadores do ministério público dizem-se pressionados. O procurador-geral da República, as procuradoras Cândida Almeida e Maria José Morgado falam com displicência como se só por falta de discernimento, alguém pudesse pensar que a investigação não está no melhor dos mundos...
Toda esta gente é paga com o nosso dinheiro. Não lhes pedimos que façam muito. Nem sequer lhes pedimos que façam bem. Mas acho que temos o direito de lhes exigir que se portem com o mínimo de dignidade. Um titular de cargos políticos ou públicos pode ter cometido actos menos transparentes. Pode ser incompetente. Pode até ser ignorante e parcial. De tudo isto já tivemos.
Aquilo para que não estávamos preparados era para esta espécie de falta de escala. Como se esta gente não conseguisse perceber que o país é muito mais importante que o seu egozinho.
Infelizmente para nós, os gajos porreiros nunca despegam.
Helena Matos Jornalista in Público 02/04/2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Simplicidade

Cada semana, uma novidade. A última, foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas, peraí, não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal prá minha saúde.
Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro, faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas, depois, rejuvenesço uns cinco anos!
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias !
Brigar, me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez, me embrulha o estômago !
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro, me faz perder toda a fé no ser humano...
E telejornais... Os médicos deveriam proibir... como doem !
Caminhar faz bem, namorar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã, arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite, isso sim, é prejudicial à saúde.
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas, dá câncer, guardar mágoas, ser pessimista, preconceituoso ou falso moralista, não há tomate ou muzzarela que previna !
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau !
Cinema é melhor prá saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é o melhor de tudo e muito melhor do que nada !
Luís Fernando Veríssimo