quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bloco central

Várias personagens eminentes têm-se manifestado a favor de um governo de bloco central após as eleições. A razão sempre invocada é a necessidade de estabilidade governativa perante a crise. Claro que esta posição assume tal coligação como estável em si mesma, o que está longe de ser provável. Mas o pior seriam os perigos para a democracia se ela funcionasse.
A nossa situação é muito diferente da estrutura partidária anglo-saxónica, com apenas dois grandes partidos. Temos antes uma disposição típica do sul da Europa, como na Espanha, França e Itália, onde além dos partidos centrais existem grupos mais pequenos. Este arranjo, mais flexível e complexo, tem sofrido modificações como nesses países, mas tem-se mantido e, apesar dos defeitos, funciona razoavelmente.
O grande risco que paira sobre a nossa democracia, num país tradicionalmente pacato, conservador e corporativo, é a concertação entre interesses instalados à volta de um grande partido central que se perpetuasse no poder. Essa é a situação no Japão, Índia, México, e em geral na América Latina. Com a nossa tendência clientelar e acomodatícia, uma solução dessas seria tão má quanto tem sido na América do Sul.
Um bloco central estável e eficaz daria o primeiro passo no caminho para uma democracia anémica e obediente, pior do que já se critica na maioria de Sócrates. Teríamos a generalização nacional da solução madeirense. Os seus defensores invocam o sucesso da grande coligação alemã, sem notarem que se estão a referir precisamente à cultura europeia mais oposta à portuguesa.
João César das Neves in Destak

É claro que um Bloco Central, tal como uma maioria absoluta não interessam nem ao povo, nem ao país e muito menos à democracia. Os únicos que ganhariam com isso seriam os barões do "centrão", que poderiam continuar a distribuir "tachos " e benesses pelas respectivas cliques... e comparar Portugal com a Alemanha ou quaisquer outros países com uma tradição democrática de centenas de anos só pode ser anedota!!!

1 comentário:

  1. Superliga "incompetente-mor": Sócrates marca pontos

    Cerca de 18 mil micro empresas encerraram desde Janeiro [...] De acordo com o presidente da ANPME, "há micro empresários a falir todos os dias" [...] De acordo com dados divulgados à Lusa pela AIP, as micro empresas empregam 28% dos trabalhadores, mais 3% do que as grandes empresas.

    aqui, eu tinha falado das PME. Há já mais de 2 anos que o PSD tem alertado para a importância das Micro e PME. Marques Mendes até falou sobre a criação de um ministério para estas empresas. Manuela Ferreira Leite não para de alertar para a importância destas empresas na economia portuguesa. O PM não quer ouvir e continua a beneficiar apenas as grandes empresas.

    Depois do início da grave crise, José Sócrates - o auto-intitulado salvador das empresas portuguesas - anunciou 'n' medidas para as Micro e PME. Os programas PME Invest 1,2 e 3; redução de impostos (quais? em que condições?); beneficios fiscais (quais? em que condições?). Medidas essas, tão boas... que o resultado é o que se vê.

    Mais 3 pontos para José Sócrates na Superliga "Incompetente-mor"

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